Resumo

A incapacidade de um doente com acidente vascular cerebral (AVC) pode ser reduzida quando ao tratamento medicamentoso se acresce uma trombectomia, refere um estudo.

Em declarações à Lusa, Manuel Ribeiro, coordenador da unidade de Neurorradiologia de Intervenção do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho (CHVNG/E) e um dos médicos envolvidos na adaptação do estudo em Portugal, explicou que, para além de “reduzir a incapacidade dos doentes”, o estudo, também comprova ser possível “ter níveis de poupança elevados para o Estado”.
 
“Este estudo era uma necessidade porque, apesar de ser algo que toda a gente sabe, era algo que era preciso fazer no nosso país. A trombectomia [remoção cirúrgica de trombos que bloqueiam a circulação sanguínea] é muito eficaz e permite que os doentes tenham uma maior probabilidade de recuperação. Se conseguirmos que mais doentes sejam independentes aos três meses (indicador utilizado), esses doentes vão gastar menos em cuidados de saúde”, salientou.
 
O estudo avaliou a relação custo/benefício da trombectomia e concluiu que o Estado pode obter uma poupança total de quase oito mil euros por doente ao recorrer a esta intervenção, do que apenas ao tratamento com medicação.
 
Manuel Ribeiro explicou ainda que a associação desta intervenção ao tratamento medicamentoso, apenas se aplica em 10% dos casos de doentes em Portugal com AVC, visto que são “os casos mais graves”.

"A trombectomia é muito eficaz e permite que os doentes tenham uma maior probabilidade de recuperação. "

Segundo o neurorradiologista, em Portugal, apesar de existirem seis centros de referência hospitalar no tratamento desta doença, dois no distrito do Porto, um em Coimbra e três em Lisboa, “há ainda muito a ser feito”.
 
“(…) Temos de ser rápidos a transportar o paciente para o hospital correto, porque, efetivamente tempo é cérebro e é essa uma das máximas do tratamento do AVC”, sublinhou Manuel Ribeiro.
 
Também Miguel Veloso do CHVNG/E e um dos médicos envolvidos no estudo, revelou à Lusa que “falta uma rede de referenciação bem definida” em Portugal. 
 
Segundo o neurologista, desde que o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho passou a ser um dos seis centros de referência a realizar trombectomias em Portugal, “dois terços dos doentes passaram a ficar independentes”, contrariamente aos cerca de “um terço anteriormente registados”.

https://www.bancodasaude.com/noticias/trombectomias-podem-reduzir-incapacidades-de-doentes-com-avc/